terça-feira, 8 de setembro de 2009

Manutenção em ônibus garante segurança



Situação mediana, falta de sinalização, buracos no piso e com acostamento ruim. Segundo o inspetor chefe da Polícia Rodoviária Federal, José William Guimarães, essa é a condição da BR 262, que ligam municípios da região Sacramento e Uberaba.


Para se ter uma idéia, de Sacramento a Uberaba são 83 quilômetros. O estudante de farmácia industrial, Marcos Vinicius Gobbo, percorreu 145 mil quilômetros, em sua jornada de quatro anos. É aí que vem a resultante, a distância daria para dar três voltas completas ao mundo. “O trânsito é uma constante ameaça. Principalmente para quem têm que enfrentar as rodovias todos os dias, em busca de concluir seus estudos”, relatou o estudante.


A BR 262 piora cada vez mais, os veículos nem sempre fornecem a esses alunos conforto e manutenção adequada. Foi o que aconteceu em 2002, o ônibus da empresa Sacratur, transportava 45 estudantes e uma falha mecânica do veículo, causou a morte de 19 universitários e do motorista que conduzia o transporte para a cidade de Franca/SP.


O que para muitos já caiu na memória, para os familiares e sobreviventes é algo que jamais será esquecido. Pedro Henrique Araújo, irmão de duas vitimas fatais, relatou que ainda está na justiça uma ação, contra a empresa. Ela é obrigada a fornecer, em caso de acidentes um seguro, para amenizar a situação das famílias. Essas obrigatoriedades, que as empresas devem seguir são todas inclusas no boleto bancário. Hoje cada aluno paga cerca de 120 reais por mês.


Os ônibus possuem três tipos de manutenção. A primeira é a preventiva, que é aquela que diariamente os carros são inspecionados, apresentando problemas ou não, por exemplo, as pastilhas de freio, pneu, óleos lubrificantes, parte elétrica, são preventivamente vistoriados todos os dias. O que acarreta na economia, por que se deixar uma lona de freio acabar, ela acaba comendo a carcaça da roda, havendo a perda de duas peças.


A segunda é a manutenção corretiva, em que o carro apresenta problemas, que ocorre devido ao estado de conservação das estradas ou por alguma outra ocasião. E a terceira manutenção é o “pente-fino”, uma vistoria geral dos veículos. Depois o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), vistoriam todos os carros criteriosamente, emitindo assim o certificado de segurança veicular. O qual é executado por engenheiros mandados pelo Inmetro.


A respeito dos cintos de seguranças é obrigatório o uso para carros menores. De início, o cinto de segurança, em viagens de ônibus para outras cidades ou para outros estados, deve ser afivelado, como prevê a Resolução 643, de julho de 2004, da Associação Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A norma exige que a recomendação tem que ser dada aos passageiros pelo motorista antes da partida do veículo. O uso do equipamento poderá virar lei e se tornar obrigatório se for aprovado o projeto de lei 2562/07. Na proposta, ficam de fora da obrigatoriedade os passageiros de ônibus em viagens nas regiões metropolitanas e entre municípios vizinhos. De micro ônibus, para ônibus, só é obrigatório os veículos fabricados, a partir de 2004.


Os pneus são trocados após a análise de um medidor de profundidade, o qual detecta o gasto de cada pneu. A empresa trabalha com pneus específicos para dias chuvosos. São pneus mais desenvolvidos e que suportam melhor, amenizando essas situações. Atualmente a lei permite que o motorista ande até 90 km/h, em dias de chuva a empresa exige que o motorista ande até 60 km/h.


A Ulza tem 19 anos no mercado de trabalho, possuindo em seu histórico apenas um acidente de derrapagem, que após análise concluiu que o erro não foi do motorista. A empresa apresentava muitos problemas nos veículos com filtros entupidos e bombas injetoras com problemas constantes, com isso ocorreram uma investigação, a qual detectou que a causadora era a gasolina. Com isso a empresa começou a comprar direto da distribuidora (Rio Branco Petróleo), montou um tanque de gasolina dentro da Ulza, o qual garante pra empresa grande economia, afirmou Alexandre Zandonaide, administrador da empresa de veículos Ulza, responsável pelo transporte de alunos da cidade de Sacramento para Uberaba.



Associação dos Estudantes



Serve para fiscalizar a legalidade da empresa, suas documentações e assegurar que elas possuam seguros obrigatórios em caso de acidentes. O boleto bancário segundo Romildo Leal Rodrigues, presidente da Associação dos Estudantes de Sacramento, é feita através da divisão da quilometragem rodada, pelo número de alunos. Por exemplo, se o veículo rodar 20 dias, é o equivalente a 196 quilômetros a dois reais e trinta e cinco centavos, que daria um valor de nove mil duzentos e doze reais mensais. São cerca de 220 alunos associados, o boleto bancário pago por eles é resultado da divisão da quilometragem rodada pelo número de alunos, menos a verba disponibilizada pela prefeitura municipal, mais o valor da impressão do boleto. Após esse cálculo é determinado quanto deve ser pago cada mês rodado, podendo assim variar o valor dependendo da quilometragem.


É disponibilizada uma verba no valor de 30 mil reais, a qual é dividida pelo número de alunos. Os alunos devem ter 75% de presença e 75% de aproveitamento nas disciplinas, para que recebam o benefício.


Não existem leis, nem federal, estadual e nem municipal, que obrigue o poder público a disponibilizar esse dinheiro ao auxilio transporte. Porém as prefeituras auxiliam. No caso da cidade de Sacramento a câmara municipal, faz o repasse da verba através da prefeitura. Para que o executivo conceda a verba, é preciso um amparo, o qual é feito pela câmara municipal (legislativo), ele decide o valor, que através da prefeitura é depositado para a associação dos estudantes.


A associação deve prestar conta mensalmente para a prefeitura municipal, para câmara e para o Ministério Público. Em Araxá, a associação recebe um repasse de verba equivalente a 50% da despesa do mês. O restante é dividido entre os associados, sendo em média, 120 reais cada boleto a pagar. Para o ano de 2009, a associação dos estudantes da cidade de Araxá, recebeu o equivalente a 600 mil reais, divididos em dez parcelas de 60 mil reais. O repasse é feito pela conta bancária da Associação, mensalmente, após uma prestação de contas, informou Israel Luiz, Presidente da Associação dos Estudantes de Araxá.


Para conduzir esses veículos, os motoristas das empresas devem possuir carteira de habilitação na categoria D - condutor de veículo motorizado utilizado no transporte de passageiros, cuja lotação exceda a oito lugares, excluído o do motorista. O curso de segurança de transporte de passageiros, feito em auto-escolas. Precisam possuir certidões negativas cíveis e criminais, para a análise de acidentes durante o histórico de cada um. Precisam ter o exame de saúde em dia. É feito anualmente o PPRA (Programa de Prevenção de Risco de Acidentes), feito especificamente para os motoristas, concluiu o administrador Alexandre Zandonaide.

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